terça-feira, 30 de agosto de 2011

Loucura ou Sabedoria?



Existe uma realidade ao redor da qual todos nós
 gravitamos: somos fortes julgadores em cima das atitudes, hábitos
e vícios das pessoas.
A Filosofia Budista recomenda que não se julgue, simplesmente
porque as pessoas, ou almas se preferirem, estão em estágios diferenciados
de evolução;
pior é que esta atitude, julgar, cria karma. Somos essências em
 estágio evolutivo.
Ninguém está pronto neste planeta. Este é o ponto. Aqui é uma escola onde
se aprende pela dor. Saber entender a dor, e por que ela aconteceu, é o
maior caminho para nossa subida de um degrau...
Assim:
O que é entendível para alguns é absurdo para outros.
O que é correto para mim, é detestável para você.
O que é convenção para alguns, é ridículo e inapropriado para outros.
O que é novo para um, pode ser inaceitável para o outro.
E assim seguimos vivendo. Mas, qual é o ponto correto em tudo isso?
Simplesmente, aquele que nos satisfaz. Na vida não há certo ou errado.
Há o que nos preenche e nos satisfaz.
Portanto, não podemos rotular as pessoas conforme nossas verdades, porque
 simplesmente a verdade de agora será superada pela verdade do futuro. E
quem somos nós para julgarmos?
Há uma frase célebre que diz:
Quando encontro a resposta, o Universo muda a pergunta!
Ou seja, estamos em constante evolução e precisamos de lucidez para
entender o que acontece à nossa volta, sem nos preocuparmos em
 controlar a vida dos outros via julgamentos e rotulagens de acordo
 com nossas verdades.
As novidades evolutivas podem chocar.
Você conhece, eu conheço também, um cem número de pessoas que
nunca erra.
Sempre os errados nos episódios analisados foram os outros. Uns porque
 atrapalharam, outros porque foram negligentes, outros omissos, mas eles,
sempre os perfeitos... e vítimas das circunstâncias.
O que fazer com eles?
Deixá-los viver a vida conforme querem e entendem que está certo e, assim,
 colherem o que plantaram: o oco, o vazio e o sem conteúdo. Mas isso é problema
 deles.
A vida é Causa e Efeito. Isso sim é verdadeiro. Tão verdadeiro como a dor, mas
 supérfluo como o sofrimento. A dor é inevitável, porém, manter o sofrimento
sempre é opção nossa. Aprendemos com a dor. Com o sofrimento estragamos a saúde.
Só e tudo isso.
Voltando ao tema, o maior exemplo de loucura foi com Einstein...
Na realidade, ele estava sempre à frente dos que o cercavam. Sabia muito e,
 portanto, era incompreendido pelos que seguem padrões. Pior ainda era na
 sua época, quando o conhecimento era reservado somente para alguns afortunados.
Para ele, não existe o mal, existe a ausência do bem. Não existe o ruim, falta o bom.
 Não existe a vaidade, falta humildade. Não existe a raiva, falta o amor.
Por pensar assim era insano, louco mesmo. Eu prefiro achar que era incompreendido...
Portanto, sempre que alguém está sendo julgado como louco, pode estar
 apenas vendo mais longe do que os padrões convencionais que aplicamos em nossa
vida, naquele exato momento.
Atualmente, com a incrível velocidade da informação, você percebeu como estão
diminuindo as aldeias? Como as pessoas estão ávidas de conhecimento? E vocês
 perceberam como aumentaram os loucos?
Que tal sermos um deles? As oportunidades estão ao nosso redor. É só agir...
 Assim, acabamos conhecendo o caminho que nos leva ao saber de ser sábio.
 Aquele que só vem com o conhecimento realmente aplicado.



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Dedico este texto a minha querida e amada Katharina...


Doze conselhos de mim para você.....


1-Não ouça pessoas negativas, que reclamam da vida, que trazem a voz do desânimo. Você tem um compromisso com a felicidade, com o sucesso. Ouça pessoas positivistas, que trazem palavras de elevação, de incentivo e são exemplos de luta e vitória.

2-Abra a mão do bel-prazer e construa o mínimo para si e sua família. Não deixe o tempo passar em ‘brancas nuvens’. Quem não se preocupa em edificar na sua juventude, que construções terá ao envelhecer?

3-Não alce a mão para o fruto alheio e não dê o passo fora do seu espaço. Uma nação onde os cidadãos se respeitam é uma nação forte, próspera e feliz.

4-Evite vangloriar-se de ter isso ou saber aquilo; refute a soberba. O mundo vê com olhos de reprovação aqueles que se autovangloriam.

5-Num momento de descontrole faça uma pausa, inspire fundo e reflita, para não dizer coisas que não gostaria que lhe dissessem.

6-Se você está apto, devidamente preparado para uma prova ou competição, não entre temeroso, com receio de falhar. Entre disposto, firme, confiante, ou o seu maior adversário será você mesmo.

7-Persevere em busca da vitória, você é capaz. A maior glória de um homem é vencer usando sua própria capacidade.

8-Se você for chamado para mediar uma discussão, não seja partidário desse ou daquele antes de ouvir ambas as partes. Conheça os motivos de cada qual e decida-se, privilegiando sempre quem realmente estiver com a razão.

9-De súditos a majestades, de cidadãos a presidentes, todos aqueles que se julgarem invencíveis vão tombar como qualquer mortal.

10-Se você quer as coisas justas e corretas, dê o exemplo. Aja com justeza e correção. Mostre que o que você deseja para os outros é o que pretende para si.

11-No lar, no ambiente de trabalho, nas ruas, use sempre as palavras ‘por favor’, ‘dá licença’, ‘obrigado’. Não as economize nem se envergonhe de usá-las. Seja educado. Educação é igual uma moeda: com o mesmo valor que você paga você recebe.

12-Ao vivenciar um momento de escuridão, de dificuldades, faça uma oração. Não se esqueça de quem não se esquece de você: Deus. Ele é um manancial de luz, fonte de inspiração. Seus pensamentos vão clarear e suas idéias serão pródigas de soluções.


Te Amo, por toda uma eternidade.............

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Para meus MENINOS DE OURO, VINICIUS E VICTOR....

Que este texto, te sirva, como um conselho durante sua longa caminhada ............


Nunca use a palavra “absoluto”, evite-a o máximo possível, pois ela cria fanáticos. Ninguém possui uma verdade absoluta. A verdade é tão vasta que todas as verdades acabam sendo relativas! A palavra “absoluto” levou a humanidade ao sofrimento. Um muçulmano acredita que há uma verdade absoluta no Alcorão e se torna cego. Um cristão pensa que há uma verdade absoluta na bíblia. Um hindu penso que há uma verdade absoluta na Gita, e assim em diante. Como é possível que haja tantas verdades absolutas? Daí surgem conflitos, brigas, guerras, cruzadas religiosas, guerras santas: “ Matem os que estão dizendo que a verdade DELES é absoluta – a NOSSA verdade é absoluta!” Através dos séculos, mais mortes, mais estupros, mais saques têm sido feitos em nome da religião do que em nome de qualquer outra coisa. Qual o motivo? O motivo está na palavra “absoluto”
Lembre-se sempre: aquilo que sabemos e tudo que ainda pudermos vir, a saber, está fadado a ser relativo.


Espiritualidade.....

Espiritualidade

A religião significa a circunferência, as bordas, e a espiritualidade, o centro. Uma religião possui um pouco de espiritualidade, mas apenas um pouco: um vago fulgor, algo como as estrelas ou a lua cheia se refletindo no lago. A espiritualidade é o que há de verdadeiro, a religiosidade é apenas um subproduto.
E um dos grandes males que se abateu sobre a humanidade foi terem dito às pessoas para serem religiosas e não espiritualizadas. Portanto, elas começam a decorar sua circunferência, elas cultivam um caráter. O caráter é sua circunferência. Ao pintar seu perímetro, o centro não muda. Mas, se você mudar o centro, o perímetro sofre uma transformação automática.
Mude o centro – isso é espiritualidade. A espiritualidade é uma revolução interior. Ela certamente afeta seu comportamento, mas apenas como uma conseqüência. Como você está mais alerta, mais perceptivo, naturalmente suas ações são diferentes, seu comportamento possui uma outra qualidade, uma beleza diferente, mas o contrário não é verdadeiro.
A espiritualidade pertence a seu ser essencial, enquanto a realidade só pertence àquilo que é externo: ações, comportamento, moralidade. A religião é formal: ir à igreja todo domingo é uma atividade social. A igreja nada mais é senão um tipo de clube, como o Rotary ou o Lions, e existem muitos clubes. A igreja também é um clube, mas com pretensões religiosas.
A pessoa espiritualizada não pertence a nenhum credo, nenhum dogma. Ela não pode pertencer a nenhuma igreja, seja hindu, cristã ou muçulmana... é impossível para ela pertencer a uma igreja.
A espiritualidade é única, as religiões são muitas.
Insisto na transformação interior. Não ensino religião, ensino espiritualidade. A espiritualidade é rebelião, enquanto a religião é ortodoxia. A espiritualidade é individualidade, enquanto a religião é permanecer dentro da psicologia das massas. A religião faz de você um carneiro, e a espiritualidade é o rugir do leão.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Indecisão!!!!


Indecisão

Quantas oportunidades perdemos devido a um momento de indecisão?
Quantos não's?
Quantos sim's?
Quantos amores não vividos? quantos vividos e arrependidos do sim ou do não???
Dizem que Indecisão é quando sabemos muito bem o que queremos mas achamos que deviamos querer outra coisa.
Difícil? Acredito que não!
POis, acredito que dói muito mais o arrependimento de algo que não fizemos do que de algo que fizemos.
Quantas profissões deixamos de conhecer pela nossa indecisão???
Quanto mais nos conhecemos mais decididos ficamos, pois quando decidimos assumimos o risco.
Nosso poder de barganha aumenta!
Nossa criatividade extrapola porque quando estamos decididos somos positivos.
E pessoas positivas sabem que o fracasso não existe e significa que traçamos algo errado, que pegamos o caminho errado.
Mas acredito que a indecisão no inicio e quando controlada ela nos educa. Primeiro porque as vezes " quebramos a cara " e mudamos
de tática ficamos mais experientes e consequetemente mais decidos.
Acredito que a indecisão seja filha do medo, do receio, da falta de coragem... da insegurança.
Sabemos sempre que : Pode dar certo! OU pode não dar certo! e ai??
Ficaremos parados esperando o tempo e a vida passarem em nossa frente??
O dia a dia sempre nos dá uma oportunidade para ter um momento ou uma palavra de decisão.
Aprendendo a lidar com a indecisão estamos aprendendo a pensar sempre um pouco mais antes de agir, falar ou decidir.
Pense nisso!
E sugiro que decida ser feliz! rsrrs
você merece!

Alexandre O GRANDE...



Os 3 últimos desejos de ALEXANDRE O GRANDE: 

1, Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;
2, Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistado como prata , ouro,  e pedras preciosas ; 
3, Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.

Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a ALEXANDRE quais as razões desses pedidos e ele explicou:
1, Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte;
2, Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;
3, Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.


Pense nisso....

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A Magia dos Ciganos Evorianos e a Influência da Bruxaria...


A Magia dos Ciganos Evorianos e a Influência da Bruxaria


Ciganas Bruxas ou Bruxas Ciganas? Pra nós tanto faz. O Importante é saber manipular os Elementos para se fazer, MAGIAS!!!
Muitos mitos e pouca informação verídica sobre estes dois temas que estão sempre presentes na vida dos magos, ciganos ou bruxos.

Sempre que se fala de Évora, se remete à lembrança da Bruxa de Évora, mas o que muitos não tem conhecimento sobre esta localidade portuguesa, é que nos tempos, ou melhor, nos primórdios evorianos, em que viveu a bruxa, 80% da população era cigana.


A também conhecida como bruxa moura (Moura Torta), era culta, falava muitos idiomas, e aprendeu desde a mais tenra infância com uma tia velha, as artes mágicas que iria praticar ao longo de sua existência. Assim sendo, curiosa e maga, logo ela começou a privar da amizade das grandes feiticeiras ciganas, que como ela, fizeram de Évora, uma terra encantada.
    Trocando informações de magia, os ciganos evorianos, aprenderam muito com a bruxa, nos deixando um legado de artes mágicas, que passa de geração a geração entre nós. A Magia dos Ciganos Evorianos, tem influencias de um tipo de bruxaria, que só existe em Évora, e muito distante da sábia e querida Wicca tradicional (geralmente de raízes irlandesas ou inglesas), começando pelas denominações geralmente utilizadas por ocultistas e místicos, como a da “Magia Branca” e “Magia Negra”, para nós, toda Magia é Magia, e o que determina se ela é boa ou má, é o que vai no nosso intimo, no nosso coração, é que faz o ato mágico ser bom ou mau. Assim como também é, um dos princípios da Bruxaria Evoriana. Os elementos presentes na magia dos ciganos como pedras, ervas, a importância dos astros, e o respeito a natureza, é também presente na pratica da bruxaria.
E esta comunhão se deu de forma tão natural, entre ciganos e bruxos, também por serem excluídos da sociedade portuguesa na época, em que se temia os feiticeiros, os ciganos e os bruxos, ainda que, portugueses, nobres ou não, escondidos pelos recantos de Évora, procuravam-nos nas tardes amenas, para encomendar trabalhos, magias e bruxarias, a fim de resolver de forma mística os seus problemas.
       Facilitando o intercambio cultural mágico entre ciganos e bruxos. Pois assim, eles conseguiam praticar uma arte mágica abrangente, e atender as reais necessidades de sua clientela. As informações e costumes derivadas deste convívio, resultaram em pontos em comum muito fortes, nestas linhas de magia, e que passaram a integrar, de forma a tornar na Magia Cigana Evoriana praticas comuns utilizadas pelas amigas Bruxas Evorianas. Muitos ciganos de outras partes do mundo, podem não utilizar, por considerar que seja muito diferente de nossa magia no geral, mas o fato é que não é. Esta convivência só veio a engrandecer a Magia dos Ciganos.
O fato de a bruxaria sofrer, calunias e apedrejamentos, esta na falta de informação sobre esta arte mágica. Pois tanto a magia cigana, quanto a bruxaria, é ecológica, e esta sempre buscando o bem da coletividade.
O agravamento da perseguição, patrocinado pela Igreja Católica Apostólica Romana, deixou marcas, por levarem todos que não se enquadrassem até as fogueiras da Santa Inquisição, condenados pelos tribunais do Santo Oficio, incluindo ciganos, rezadores e outros ocultistas, todos acusados da pratica da bruxaria. Isso ainda permeia nos desavisados, manchando a beleza das artes mágicas, da bruxaria, e também da magia dos ciganos.
 Nós Ciganas e nossas amigas Bruxas, não nos prendemos a conceitos pré concebidos, somos seguras de nossos atos e pensamentos, somos capazes de avaliar, de receber, de amenizar as dores de quem nos procura em busca de auxilio, através da magia e da palavra sempre amiga. A Magia Cigana Evoriana agradece ao elo com a Bruxaria Evoriana, a capacidade comprovada de ter entendimento, de estar pronta para atender aos apelos dos corações de nossos clientes, ensinando que a pimenta é ardida, mais que também pode ser doce, sempre tendo uma magia para indicar, sempre buscando sanar as dores com serenidade, segurança e amor pela magia, assim como faria uma bruxa.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Coisas que a vida ensina depois dos 40.....


Coisas que a vida ensina depois dos 40
Amor não se implora, não se pede não se espera...
Amor se vive ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.
Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para
mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.
Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças a cerca de suas ações.
Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que
abrem portas para uma vida melhor
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções,
destrói preconceitos,
cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...
Artur da Távola

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

HOMEM E MULHER, AMBOS NA UNIDADE

Nenhum homem é só homem e nenhuma mulher é só mulher.
Os dois são ambos. O homem contém uma mulher dentro de si e a mulher contém um homem em seu interior. Portanto, não se trata apenas do homem ou da mulher externos. Trata-se também de um fenômeno interno, porque há correspondência entre o interior e o exterior.
Se eu digo: assim como em cima, também embaixo, posso também dizer assim como no exterior, também o interior. Sua realidade interna é exatamente a mesma que sua realidade externa. Ambas correspondem, equilibram-se. A complexidade agora é maior, porque cada homem tem em si uma mulher e precisa entrar em sintonia com ela. Não é só uma questão de ter alguém do lado de fora que você ama, ou as coisas seriam bem menos complicadas.
Sempre que duas pessoas estão se amando, na realidade existem quatro. Em cada cama estão quatro pessoas. Você pode imaginar a complexidade - quando duas pessoas fazem amor, na verdade são quatro. É sempre sexo grupal, porque o homem tem dentro dele uma mulher e a mulher tem dentro dela um homem. Algo do pai está em você - cinqüenta por cento - e algo da mãe, os outros cinqüenta, também estão. Em cada pessoa há a contribuição de um pai e uma mãe. Você pode ser biologicamente um homem.
Isso determina que fisicamente você tem o comportamento de um homem, mas, no fundo de sua psique, não é nem homem nem mulher - é ambos. Cada um contém o outro. Por causa disso a homossexualidade é possível - por essa dualidade interior fundamental. Você pode ser um homem exteriormente e tornar-se harmonizado com sua mulher interior. Não há problema nenhum, o espírito permanece livre. Interiormente, o espírito pode estar identificado tanto com o homem quanto com a mulher.
Se você é biologicamente homem e torna-se identificado com sua mulher interior, a homossexualidade será uma conseqüência. Pode acontecer de várias maneiras e por várias razões. Portanto, a homossexualidade é possível por causa da dualidade interna.
Atualmente a ciência pode mudar o sexo físico das pessoas. Isso é possível porque as descobertas taoístas foram comprovadas também cientificamente. Trocando os hormônios e alterando ligeiramente a química do corpo, o homem pode tornar-se mulher e a mulher pode tornar-se homem, também psicologicamente. Isto prova que cada um é ambos. A diferença biológica é só uma ênfase. A mudança também pode acontecer por si mesma em alguns casos.
Constatou-se que quando um homem torna-se mulher ou vice-versa, a diferença é pequena - cinqüenta e um por cento homem e quarenta e nove por cento mulher. Apenas um leve desequilíbrio tendendo para o lado masculino. Isso pode ser alterado no curso da vida, através de novos hormônios, novos alimentos, novo clima, novas emoções, doenças ou qualquer outra coisa. Agora a ciência sabe que a mudança pode ser feita facilmente.

É perfeitamente possível que o povo do futuro mude de sexo com mais freqüência. Se você pode viver as polaridades numa mesma vida, por que não fazê-lo? Tenho observado em milhares de pessoas a mesma coisa: quando se é homem nesta vida, na próxima terá que ser mulher. A razão é muito simples. Você se cansa de ser um homem ou mulher e começa a buscar a outra polaridade.
E graças a esse profundo desejo de ser o outro, naturalmente na próxima vida nascerá como o outro.
Estes são os três fundamentos. Primeiro, tudo é interdependente; segundo, a vida é polar e as polaridades não são opostas mas complementares; terceiro, cada um é interiormente duplo, ninguém é uma coisa só.
Temos, na Índia, o conceito Ardhanarishwar, que corresponde ao enfoque Taoísta. Shiva foi esculpido e pintado tanto como homem quanto mulher. Metade de seu corpo é masculino e metade feminina. Quando o Ocidente viu estas estátuas pela primeira vez, pareciam absurdas, todos caçoaram. "Para que isso?" Agora entendem a importância. Portanto, assim como Shiva, você também é ambos e esta é uma das coisas fundamentais da vida(...).

- trecho do livro de Osho, intitulado "O Segredo dos Segredos". Edit.Tao

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O fanatismo religioso entre outros!!!!!


O fanatismo religioso entre outros
Breve Ensaio
"O diabo empalidece comparado a quem dispõe de uma única verdade"(Emil Cioran)
"...todos os crentes parecem escandalosos e indiscretos: procura evitá-los" (Nietzsche)
Em nossa época, supostamente dominada pela ciência e pela tecnologia, o fanatismo parece ser uma reação made in recalcado do inconsciente da humanidade. Fanatismo, vem do latim fanaticus, quer dizer "o que pertence a um templo", fanum. O indivíduo fanático  ocupa o lugar de escravo diante do senhor absoluto, que, pode ser uma divindade, um líder mundano, uma causa suprema ou uma fé cega. O fanatismo é alimentado por um sistema de crenças absolutas e irracionais  que visa  servir [1] à um ser  poderoso empenhado na luta contra o Mal. Ou seja, o fanático acha que pode exorcizar pessoas e coisas supostamente possuídas pelo demônio" [2] , "combater as forças do Mal" ou "salvar a humanidade" do caos.
Tendo origem no dogma religioso, o fanatismo não se restringe a esse campo único; existe fanatismo por uma raça, um time de futebol, por um partido político, sobretudo por ideologias revolucionárias quando extrapolam a dimensão racional, sentindo-se guiada pela "fantasia da escolha divina".  Foi fanatismo religioso que fez muitos seguirem Jin Jones (Templo do Povo), Asahara (Verdade suprema), David Koresh (Ramo davidiano), Jo Dimambro (Templo Solar) e tantos outros místicos ou charlatães que terminaram causando tragédias coletivas, noticiadas no mundo todo. A história conheceu também os histerismos coletivos da "caça as bruxas", a perseguição aos negros, índios, comunistas, homossexuais, prostitutas.  O movimento da Jihad islâmica contra os "infiéis do ocidente" e a "guerra aos terroristas" do ocidente cristão, demonstram que o fanatismo está vivo e atuante em nossa época supostamente "científica" e "tecnológica". Precisamos admitir que, a história da humanidade é também a história dos vários fanatismos dominando grupos humanos, sempre com conseqüências trágicas. Esse pedaço da história renegado nos causa vergonha, medo e sinalizam alertas para possíveis efeitos negativos no rumo da civilização.
Como dissemos, o fanatismo atua para além do efeito religioso, mas não extrapola ao campo ideológico como um todo. Há fanatismo entre crentes de todo o tipo, do menos ao mais irracional. Mas, não existe fanatismo racional, em que pese o fato de um certo tipo de razão (instrumental, cínica, etc) também ter cometidos os seus desatinos e crimes [3] . Assim, para o fanático religioso, não basta adorar um Deus visto como Senhor absoluto, é necessário ser soldado dele na terra, lutar pela causa superior, pregar, exorcizar, forçar os "infiéis" ou "divergentes" à conversão absoluta, à qualquer preço. O fanático está sempre disposto a dar provas do quanto sua causa suprema vale mais do que as próprias vidas: dele, de sua família ou mesmo de toda a humanidade. Ele mata por uma idéia e igualmente morre por ela.
Os sintomas do fanatismo
Os sintomas do fanatismo, em grupo, são: orações, privações, peregrinações, jejum, discursos monológicos e martírios que podem terminar com o sacrifício da própria vida visando salvar o mundo das "trevas" ou do que ele entende ser "o mal" [4] .
O fanático não fala, faz discursos; é portador de discursos [5] prontos cujo efeito é a pregação de fundo religioso ou a inculcação política de idéias que poderá vir a se tornar ato agressivo ou violento, tomado sempre como revelação da "ira de Deus" ou "a inevitável marcha da história" ou, ainda, a suposta "superioridade de uns sobre os demais". Faz discursos e não fala, porque enquanto a fala é assumida pelo sujeito disposto ao exercício do diálogo, da dialética, do discernimento da verdade, osdiscursos - especialmente o discurso fanático - fazem sumir os sujeitos para que todos virem meros objetos de um desejo divinizado; servir ao desejo divino e à produção da repetição de algo já pronto, onde o retorno do recalcado do sujeito faz do Eu (ego) um porta-voz de um sistema de crenças moralistas carregado de ódio em relação ao suposto inimigo ou adversário que precisa ser destruído para reinar o Bem.
Os textos sagrados, tomados literalmente, fornecem a sustentação "teórica" do discurso fundamentalista religioso; com ele, o indivíduo acredita, a priori, estar de posse de toda a verdade e por isso não se dá ao trabalho de levantar possíveis dúvidas, como confrontar com outro ponto de vista, ou desvelar outro sentido de interpretação, ou ainda, contextualizá-lo, etc. O fanático tem certeza e isso lhe basta. Creio porque é absurdo, já dizia Tertuliano. Certeza para ele é igual a verdade. (Segundo Popper, no campo científico, a certeza nada vale porque é "raramente objetiva: geralmente não passa de um forte sentimento de confiança, ou convicção, embora baseada em conhecimento insuficiente",já a verdade tem estatuto de objetividade, na medida em que "consiste na correspondência aos factos",na possibilidade da discussão racional com sentido de comprovação. (Popper, 1988, p. 48).
O problema da religião não é a paixão "fé", mas a inquestionalidade de seu método. O método de qualquer religião traz uma certeza divulgada em forma de monólogo, jamais de diálogo ou debate de idéias. O pastor, padre, rabino, ou qualquer pregador de rua, vivem o circuito repetitivo do monólogo da pregação; acreditam que "vale tudo" para difundir a "verdade única" que o tocou e o transformou para sempre! O estilo fanático usa e abusa do discurso monológico delirante, declarações, comunicados, que jamais se voltam para  escuta ou o diálogo, exercício esse que faria emergir a verdade - não a "certeza" [6] .
Psicopatologia do fanatismo
Do ponto de vista psicopatológico, todo fanatismo parece ter relação com a fuga da realidade.  A crença cega ou irracional parece loucura quando se manifesta em momentos ou situações específicas, porém se sua inteligência não está afetada, o fanático aparentemente é um sujeito normal. No entanto, torna-se um ser potencialmente explosivo, sobretudo se o fanatismo se combinar com uma inteligência tecnologicamente preparada. Fanático inteligente é um perigo para a civilização. O terrorismo, por exemplo, que atua com a única meta de destruir inimigos [7] aleatórios é realizado por indivíduos fanáticos cuja inteligência é instrumentada apenas para essa finalidade. No terrorismo é uma das expressões do fanatismo combinado com uma inteligência tecnológico, mas totalmente incapaz de exercitá-la por meios mais racionais, políticos e legais. Para o terrorismo sustentado no fanatismo, os inocentes devem pagar pelos inimigos; a destruição deve ser a única linguagem possível e a construção de um novo projeto político-econômico, não está em questão, porque a realidade no seu todo é forcluída[8] .
O fanatismo parece surgir de uma estrutura psicótica. O fato do sujeito se ver como o único que está no lugar de certeza absoluta, de "ter sido escolhido por Deus para uma missão "x", já constitui sintoma suficiente para muitos psiquiatras diagnosticarem aí uma loucura ou psicose. Mas, seguindo o raciocínio de Freud, vemos que "aquilo que o psicótico paranóico vivencia na própria pele, oparafrênico experiência na pele do outro" [9] , ou seja, somos levados a supor que o fanatismo está mais para a parafrenia que para a paranóia. Hitler, antes considerado um paranóico, hoje é mais aceito enquanto parafrênico [10] , pois seus atos indicam sua idéia fixa pela supremacia da raça ariana e a eliminação dos "impuros"; mais ainda, o gozo psíquico do parafrênico não se limita "ser olhado" ou "ser perseguido", tal como acontece com paranóicos, mas sim se desenvolve "uma ação inteligente de perseguição e extermínio de milhares de seres humanos", donde extrai um quantum de gozo sádico. Portanto, deve existir membros de um grupo de fanáticos paranóicos, mas certamente o pior fanático é o determinado pela parafrenia, pois visa de fato destruir em atos calculados "os impuros", "os infiéis", enfim, todos os que não concordam com ele.
Hitler e seus comparsas usaram de inteligência para inventar e administrar a chamada "solução final" contra os judeus, porém, antes de ser este um fato criminoso era uma exigência interna de seu próprio psiquismo. Na parafrenia vigora a compulsão de observar e atuar o ser do Outro como alimentador de seu delírio interno. O parafrênico "faz acting out em nome de..." e jamais assume seu ato criminoso, pondo a responsabilidade em alguém que para ele encarna o "mal". Para sua "lógica", as vítimas são os únicos responsáveis. É curioso observar que ontem os judeus se agarravam ao sacrifício do holocausto [11] como modo de explicação da tragédia em que eram vítimas, mas hoje a ultra direita israelense, no poder, parece resgatar dos nazistas essa terrível idéia da "solução final" contra os palestinos. "Quem lutou muito contra dragão, também vira dragão", diz um antigo provérbio chinês.
Os fanáticos pela "solução final" dos judeus, no Julgamento de Nuremberg, não se consideravam culpados ou com remorsos pelo extermínio coletivo. Goering, considerado o segundo homem depois de Hitler, tentou se defender segundo o princípio de sua lealdade e fidelidade para com o Führer; "cumprira ordens" e "nenhuma vez ele se considerou um criminoso" [12] . Eis a "razão cínica": a culpa pelo genocídio era dos próprios judeus gananciosos por dinheiro, não de seus carrascos nazistas. Os israelenses da "era Sharon" também não se responsabilizam pelos atos criminosos de Israel contra os palestinos generalizados como terroristas.
Se no fanatismo o sujeito inexiste para dar lugar ao Senhor absoluto e maravilhoso, então faz sentido não assumir a sua própria responsabilidade, porque ela é "obra do Senhor" [Werk de herrn.] [13] , "o Senhor quer que eu faça", "foi a mão de Allah" [14] , etc. São mais do que frases, são efeitos de uma poderosa "fantasia da eleição divina" [sic!] onde o sujeito é nadificado para dar lugar ao discurso delirante da salvação messiânica [15] . O mundo fanático foi dividido entre "os eleitos" e os que continuam nas trevas e que precisam ser salvos ou serem combatidos por todos os meios, pois "são forças do mal".
O famoso caso Schreber, analisado por Freud [16] , que acreditava ter recebido um chamado de Deus para salvar o mundo, que lhe era transmitido por uma linguagem particular - só entre ele e Deus - , tornou-se o modelo psicanalítico para se pensar a relação loucura e fanatismo. Como já dissemos, o fanatismo é sustentado por sistema de crença delirante, psicótico, dominado por uma autoridade absoluta e invisível (Deus ou a causa da "supremacia da raça ariana", ou a "missão do povo judeu", ou "a Jihad islâmica", "ou salvar o mundo do diabo", enfim, um significante posto no lugar "absoluto" que comanda a ação do grupo fanático [17] ,etc). Segundo a psicanálise, isso poderia apontar para a hipótese de um "complexo paterno" de origem.
A leitura lacaniana fala de "um buraco no Nome-do-Pai, que produz no sujeito um buraco correspondente, no lugar da significação fálica, o que provoca nele, quando é confrontado com essa significação fálica, a mais completa confusão. É  isso que desencadeia a psicose de Schreber, no momento em que ele próprio é chamado a ocupar uma função simbólica de autoridade, situação à qual só teria podido reagir com manifestações alucinatórias agudas, às quais a construção de seu delírio iria pouco a pouco fornecer uma solução, constituindo, no lugar da metáfora paterna fracassada, uma "metáfora delirante", destinada a dar um sentido àquilo que, para ele, era totalmente desprovido de sentido" [18] .
Os primeiros sintomas de fanatismo e suas estratégias de sedução
O início de qualquer fanatismo consiste, em primeiro, reconhecermos um sujeito ou grupo estarem convictos, quando julgam de posse de uma certeza que recusa o teste da realidade. Nietzsche dizia que "as convicções são piores inimigas da verdade do que as mentiras", porque quem mente sabe que está mentindo, mas quem está convicto não se dá conta do seu engano. "convictosempre pensa que sua bobeira é sabedoria" [19] . Até no campo científico, há cientistas correndo o perigo de tornar-se convictos de suas teses. Edgar Morin analisa que quando algumas idéias se tornam supervalorizadas e adquirem um caráter de grandiosidade e absolutismo tendem a levar os seus sujeitos a abdicarem de seu raciocínio crítico e se tornarem meros objetos dessas idéias. Indivíduos assim submetidos a tão grandes idéias, fazem qualquer coisa para "salva-las" de um possível furo de morte; elas funcionam como muleta existencial. Isso acontece principalmente no meio religioso, mas também pode ocorrer nos meios político, filosófico  e científico. 
segundo sinal do fanatismo é quando alguém quer impor a todos de modo tirânico a "verdade" única extraída de sua inspiração ou crença absoluta. Pretende assim a uniformização via linguagem, através de aparência física, rituais e slogans do tipo: "O único Deus é Allah", "só Cristo salva", "Jesus Cristo é o Senhor", "somos o Bem contra o Mal", "Em nome do Senhor Jesus eu ordeno..." São expressões de caráter estereotipado, sustentado por uma "estrutura de alienação do saber" [20] , onde o discurso passa a falar sozinho, é uma resposta que está no gatilho, pronta para qualquer emergência que o sujeito não quer pensarObservem o caráter tirânico, narcisista e excludente dessas afirmativas. Todos possuem uma visão que nega outros modos de crer e pensar. O mesmo acontece nos auto-elogios das pessoas de raça branca e o desprezo pelas outras como proclamam os fanáticos da extrema direita, nas ações violentas de uma torcida sobre a outra, todos, sinalizam que o indivíduo se rende ao grupo e este "a causa". Os recém convertidos de qualquer seita religiosa ou política estão sempre convictos que, finalmente, contemplam a verdade e essa tem que ser imposta a todos, custe o que custar.
O terceiro indicativo de fanatismo, já dissemos, é quando uma pessoa passa a colocar uma causa suprema (podendo esta ser justa ou delirante) acima da vida dela e dos outros.
Quarto, quando um indivíduo e/ou grupo se isolam da convivência familiar e social e adotam um modo de vida narcísico [21] (no igual modo de vestir, de cortar ou não cortar o cabelo, no jeito de falar, nas regras de comer, na ritualística, etc), enfim, quando uniformizam seu discurso, gestos, postura, atitudes em geral e punem os que se recusam a seguir as regras impostas. Entrar para um grupo de fanáticos implica em renunciar: pai, mãe, os filhos, os amigos, o lugar onde viveu, o trabalho, enfim, os membros são persuadidos a matarem os vestígios simbólicos da vida anterior para fazer renascer a vida em outra base moral e de fé.
Quinto, quando o indivíduo e/ou grupo perdem o bom-senso na lógica da comunicação e nas ações do cotidiano. O discurso passa a ser repetitivo e estranho à vida comum.
O sexto indício de fanatismo é quando se perde o sentido de respeito e humanidade para com os diferentes, em nome de uma causa transcendente.
psicólogo francês, J-M. Abgrael, resume o método de doutrinação fanática em 3 etapas: 1osedução das pessoas para a "causa"; 2odestruição da antiga personalidade, eliminação dos elos familiares, sociais e profissionais e 3oconstrução de uma nova personalidade "renascida" ou "renovada", de acordo com o modelo e as regras da seita.  Geralmente essa passagem da vida normal para a vida "renovada", há um ritual, algum tipo de batismo, onde se inicia a adoção de um novo nome, novos hábitos, apresentação de novas "famílias". Sentir-se incluso num grupo "de irmãos" ou "de luta pela causa" "é como estar apaixonado; surge uma sensação maravilhosa, tudo passa a fazer sentido na vida, a pessoa se sente acolhida e imensamente alegre". O indivíduo passa a se ver se modo especial, diferente dos demais para realizar a missão elevada; se vê inundado por um sentimento grandioso que Freud chama de "sentimento oceânico". Imagine um indivíduo desesperado, desgarrado de seu grupo social, sem uma forte identidade psicossocial cuja vida perdeu o sentidoao ser acolhido em um grupo fanático, recebe mensagens confortadoras, do tipo: "nós amamos você", "você é muito importante para o projeto de Deus", "você faz parte de nossa vida", "Deus te ama", etc Diz P. Demo (2001) "o sentimento de ser amado, move o entusiasmo mais do de qualquer coisa".
Faz parte da estratégia para atrair pessoas para novas seitas e igrejas, investir em programas produzidos para solitários que sofrem insônia e depressão nas madrugadas. Os desesperados sentem-se acolhidos com tais palavras mágicas e facilmente se sentem inclusos e maravilhados pela ilusão de nova vida e sentimento extremo de felicidade,  numa igreja em que o fanatismo é o seu ponto cego.
Todo fanático é intolerante.
fanatismo é a intolerância extrema para com os diferentes. Um evangélico fanático é incapaz de diálogo e respeito para com um católico ou um budista. Um fanático de direita não quer diálogo com os de esquerda. Organizações como a Ku Klux Klan são intolerantes igualmente com negros adultos, mulheres e crianças. Por isso se diz que há em cada fanático um fascista camuflado, pronto para emergir em atos de exclusão e eliminação.
semiólogo e filósofo italiano, Umberto Eco, reconhece que o protofascismo está presente nos movimentos fanáticos [22] . No campo político, não importa auto denominar-se de "esquerda" ou de "direita" pode existir um protofascismo. No fundo os atos terroristas são produzidos e sustentados por fanatismos de inspiração místico-fascista [23] incapazes de diálogo ou argumento racional que esclarece sua causa objetiva. Não é sem sentido que os atos terroristas deixaram de dizer algo pela palavra e passaram a ser apenas o ato, o acting out.  S. P. Rouanet diz que "os terroristas são agentes de uma ideologia religiosa extrema direita ... que funciona como ópio do povo..." (A coroa e a estrela, FSP, Mais!, 18/11/01)
O fascismo, tanto o de Estado dos fundamentalistas religiosos, como o que está pulverizado nos atos do cotidiano das relações humanas, é fanático porque desrespeita, desconsidera, é intolerante quanto ao modo de ser, pensar e agir do outro [24] , é tradicionalista-fundamentalista.  Enquanto o fascista "quer o poder pelo poder", há o fanático "autêntico" que anseia dominar o mundo com sua crença, e o "fanático terrorista" que "deseja apenas destruir a estrutura de sustentação do inimigo". Mas, ambos, o fascismo e o fanatismo não são compatíveis com a democracia. Ambos pregam intolerância multirreligiosa, a intolerância multicultural e multirracial e usam o espaço de liberdade democrática para espalhar o seu ódio e sua crença.
sentimento que no fundo sustenta o fanatismo e o fascismo não é a fé, nem o amor [Eros], mas o ódio [Thanatos] e a intolerância. O desejo do fanático "autêntico" é dominar o mundo com seu sistema de crença cheio de certeza. No plano psíquico, o lugar do recalque torna-se depósito de ódio e desejo de eliminar todos os que atrapalham o seu ideal de sociedade. Certa dose de paciência doutrinada o faz esperar-agindo para que a "idade de ouro puro" possa um dia acontecer. 
São tão fanáticos os terroristas-suicidas muçulmanos como os fundamentalistas cristãos norte-americanos que atacam clínicas de abortos, perseguem homossexuais, proíbem o ensino da teoria evolucionista de Darwin, obrigando aos professores ensinarem a doutrina criacionista tal como está na Bíblia, ou ainda, os protestantes da Irlanda do Norte que atacam crianças católicas ou os bascos que querem ser um país independente a qualquer preço, por meio do terror.
Alguns personagens "messiânicos" de nosso tempo, como Hitler, Idi Amin, Reagan, G. W. Bush, Sharon, os grupos dos martírios suicidas do Oriente Médio, entre outros, tem algo em comum: cada um se sente o escolhido para cumprir uma especial missão [25] . Hitler discursou que "as lágrimas da guerra preparariam as colheitas do mundo futuro". G. Bush, na sua ânsia de guerra contra o ditador S. Hussein, não estaria delirando no mesma linha ? Não é sem sentido que os EUA, tem sido o solo fértil de seitas cristãs fanáticas. Uma delas, A Casa dos Filhos de Jeová, torce para o mundo se acabar logo, porque seus membros acreditam que depois surgirá uma nova civilização do Bem.
Fanáticos e suicidas carecem de humor
fanatismo parece ser uma doença contagiosa, pois tem o poder de atrair adeptos geralmente em crise profunda de vida pessoal. Fanáticos e suicidas tem em comum a falta de humor e o desapego pela própria vida. A certeza cega tira-lhes o humor e os colocam no caminho do sacrifício místico.
O escritor e pacifista israelense, Amós Oz, numa carta ao escritor japonês Kenzaburo Oe, Prêmio Nobel de 1994, escreve ter encontrado a "cura para o fanatismo": o bom humor. Diz que: "nunca vi um fanático bem-humorado, nem alguém bem-humorado se tornar fanático". Oz imagina uma forma mágica de prevenir o fanatismo: um novo tipo de messias que "chegará rindo e contando piadas".
Emil Cioran, um filósofo amargo e pessimista, vê nas atitudes dos céticos, dos preguiçosos e dosestetas, os únicos que verdadeiramente estão a salvo do fanatismo. Já os religiosos estreitos, os políticos sectários, os dogmáticos que habitam em todas as áreas do conhecimento, tendem ao fanatismo com seus instrumentos próprios. O fanática jamais se pensa ser fanático [26] .
Enfim, é preciso estarmos atentos e preparados para resistir os apelos do fanatismo que como erva daninha não escolhe lugar para germinar e se alastrar. Os grupos fanáticos exercem um atrativo para os indivíduos que possuem uma estrutura psíquica vulnerável, os desesperados, os desgarrados, os avessos ao espírito crítico ou predispostos à crendice, ao desejo de encontrar uma certeza e a se "contentar-se com pouco" na terra, porque ele tem certeza de que ganhará na suposta vida após a morte. Tanto o fanatismo como a guerra estão entre as situações que se encontram na contramão dasabedoria. 
Para prevenção do fanatismo
Freud, como pensador evolucionista, pensava que só quando a civilização ascendesse à maturidade psíquica é que descartaria os mecanismos infantis ou alienantes cuja matriz é a religião. Segundo o fundador da psicanálise, a religião infantiliza as pessoas e as arrasta ao delírio de massa. O homem não poderia viver nesse estado de infantilismo para sempre, daí a urgente necessidade de um projeto de uma "educação para a realidade" [27] , que fortaleceria a vida intelectual, facilitando o acesso de todos ao conhecimento científico, por ser este verdadeiro. Ademais, a religião não fez e nem faz as pessoas felizes, mas, dá-lhes uma ilusão de felicidade; sem dúvida, ela tem o poder de controla os impulsos primitivos psicossexuais e proporciona alguma direção moral, que costuma ir além do necessário, ou seja, reprimindo o potencial criativo ou de prazer genuíno das pessoas.
Amós Oz [28] , o escritor pacifista, sugere a criação de escolas em todo o mundo da disciplina "fanatismo comparado". Tal disciplina não apenas serviria para entender os fanatismos: religioso, nacionalista, racial, político, desportivo, mas também outros que passam desapercebidos, como o "antitabagista" que poderia queimar os que fumam, o "vegetariano" que comeria vivo quem come carne, "o ecologista" que prefere salvar as baleias às pessoas famintas, etc. Uma disciplina como essa, teria uma função mais que educativa, teria uma preocupação preventiva quanto a possibilidade de "contágio" social do fanatismo, já que pode-se pegá-lo ao tentar curar alguém desse mal. "Conheço o perigo de se tornar um fanático antifanatismo", alerta o escritor.
Concluindo, resumimos que, previne-se o fanatismo com uma educação de boa qualidade, que saiba promover a cultura geral - mais do que a fé - e o sentido de grupo, de criatividade humor.
_______________
Psicanalista, docente na UEM e doutorando na Universidade de São Paulo
[1] Geralmente os fanáticos que se tornam assassinos o fazem "em nome de Deus", ou em nome de um Outro qualquer. Ele é apenas um comandado. Já os assassinatos múltiplos disparados por um franco atirador anônimo, nos EUA,  parecem não ser movidos por um Outro, ou "Grande ser", isto porque o assassino se diz que é o próprio "Deus".
[2] Basta ir a um templo evangélico ou, nas madrugadas, assistir pela televisão um show de exorcismo
[3] Nesse sentido, o Prof. Hilton Japiassu, costuma citar F. Jacob, que diz: "Não é somente o interesse que leva os homens a se matarem. Também é o dogmatismo. Nada é tão perigoso quanto a certeza de ter razão. Nada causa tanta destruição quanto a obsessão de uma verdade considerada como absoluta. Todos os crimes da História são consequência de algum fanatismo. Todos os massacres foram realizados por virtude: em nome da religião verdadeira, do racionalismo legítimo, da política idônea, da ideologia justa; em suma, em nome do combater contra a verdade do outro, do combate contra Satã" . Cf.: Crise da razão no ocidente. In: Japiassu, H. Desistir de penar? Nem pensar, 2001.
[4] Zusman, W. 2001.
[5] Para uma melhor compreensão dessa distinção, ver Juranville, A. Lacan e a filosofia. Rio: Jorge Zahar, 1987, principalmente a segunda parte.
[6] Ossama Bin Laden é um bom exemplo de um fanático tecnológico que faz comunicados, monólogos, declarações ou discursos, jamais se oferece para um diálogo franco e aberto para confrontar com outros pontos de vista.
[7] "O terrorismo é uma das expressões do fanatismo fundamentalista".
[8]   Cf.: Chemama, R.1995, p. 79-81.
[9] Cf.: conforme análise de Becker, S., 1999.
[10] Essa é a tese de S. Becker, 1999.
[11] Originariamente o holocausto [gr. Holókauston] era o "sacrifício em que a vítima era queimada inteira". Entre os hebreus, o holocausto era também o sacrifício em que se queimavam inteiramente as vítimas, tendo assim um sentido de imolação ou expiação. No período nazista, entre 1935 e 1945, os judeus se viram diante de um novo holocausto, sendo obrigados a perda da cidadania, a trabalhos forçados, a serem fuzilados em massa, serem transportados pela força para os campos de concentração onde terminavam sendo exterminados coletivamente em câmaras de gás. Durante esse holocausto, cerca de 6 milhões de judeus pereceram.
[12] Cf.: Manvell, R, e Fraenkel, H. 1962, p. 262. Conferir pelo menos todo o capítulo final "Nuremberg". 
[13] Dito por Hitler, em Mein Kampf. Apud Becker, S. 1999, p. 157.
[14] Dito por Ossama Bin Laden, por ocasião do ataque aos EUA.
[15] "É o saber instituído no discurso universitário, quando o S1 vem no lugar da verdade. Com a extinção desse lugar ético, acontece a forclusão do Nome-do-Pai e a formação da holófrase parafrênica". (Becker, S., 1999, p. 158).
[16] Cf.: S. Freud. [1911] Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia (dementia paranoides), v. XII, p. 15 -105.
[17] Raciocínio parecido fez o ensaista, poeta e dramaturgo alemão, Hans Magnus Enzensberger, onde escreve: "Não importa saber de qual alucinação se trata. Qualquer instância superior serve - uma missão divina, uma pátria sagrada, a uma revolução qualquer. Em caso de emergência, no entanto, o suicida assassino [refere-se aos kamisazes de 11 de setembro, entre outros atos suicídas]pode se arranjar até com uma justificativa qualquer de segunda mão. Seu triunfo consiste no fato de que não poderá ser atacado nem punido; disso ele mesmo se encarrega. E também o mandante à distância aguarda em seu "bunker " o  momento da própria extinção; deleita-se  - como Elias Canetti já há meio século formulava - só com a idéia de que antes dele possivelmente todos os outros, inclusive seus correligionários, serão mortos" (grifo meu). Enzensberger, H. M. Paranóia da autodestruição. Folha de S. Paulo - Mais, 11/11/2001.
[18] Cf.: Chemama, R. 1995, p. 161-2.
[19] Cf.: R. Alves. 2001, p. 105-10.
[20] Trata-se de uma conceito de R. Barthes, trabalhado por L. Mrech 1999) . As "estruturas de alienação do saber" são formas estereotipadas de saber, mas que perderam o contato real  com a realidade entre os sujeitos. É uma estrutura  programada para filtrar o que o sujeito deve escutar, o que dizer e o que fazer em um determinado momento. Não incorpora nada novo, apenas repete.
[21] Observamos que o narcisismo visa um resultado de gozo místico que implica, sobretudo, "amar a si mesmo", tal como o Mito de Narciso, que morre diante de sua imagem refletida na água, ignorante que era sua própria imagem. O êxtase do místico, que faz um ato de terror, ou de suicídio ou, ainda, de ambos, é a intenção de "ultrapassagem do limiar do gozo-Outro" (Nasio, 1993) ; de um gozar que implicam o corpo e o psíquico, na crença suposta de uma vida após a morte.
[22]   Cf.: Nebulosa fascista. FSP, 1995.
[23] O fascista não é necessariamente nazista. Esclarece Eco que enquanto o nazista é obcecado pela raça pura, o fascista é pelo comando total das pessoas, que perdem suas liberdades.
[24] Estamos nos baseando nas teses de U. Eco, escritas no artigo ensaio "Nebulosa fascista", que aproveitamos em nosso artigo "Tolerância zero ao profofascismo", publicado na revista virtual www.espacoacademico.com.br , ano 1, n. 4, set. 2001.
[25] O tamanho do cinismo de Hitler está na frase: "pela graça de Deus, eu sempre evitei oprimir meus inimigos" (apud Chalita, M., s.d., p. 186). Tem sido frequente, ditadores se verem os eleitos de Deus para cumprir uma missão na terra. Idi Amim Dada, o ditador-açougueiro de Uganda, certa vez declarou: "Eu só atuo conforme as instruções de Deus". (apud Chalita, M., s. d., p. 186).
[26] Segundo pesquisa de P. Demo (20000) 3/4 dos crentes da Igreja Universal do Reino de Deus negam com veemência que a religião fosse uma forma de fuga. Também é frenética a exacerbação do nome de Jesus, que é visto como única solução de todos os problemas.
[27] Freud, S. Futuro de uma ilusão, p. 64.
[28] A. ÓzFolha de S. Paulo - Cad. Mais!